Educação inclusiva propõe o pertencimento e o engajamento de todos na aprendizagem

Estratégias de ensino e modelos de currículo e avaliação devem ser construídos considerando as variabilidades, diferenças e potências de cada criança

O conceito de Universal Design for Learning, que orienta a perspectiva da educação inclusiva, parte da premissa de que qualquer situação de aprendizagem deve considerar todos os estudantes, independentemente das variabilidades. “Os currículos e conteúdos devem ser construídos pensando em crianças que tenham dificuldade de aprendizagem, uma cultura diferente ou que estejam em situação de inclusão, de modo que todas possam experimentar a aprendizagem de maneira plena”, diz Leticia Lyle, cofundadora da Camino Education e diretora pedagógica da Camino School.

Ela explica que o modelo é relativamente novo, dos anos 1990, mas parte das ideias do socioconstrutivismo, da ciência da aprendizagem e do planejamento reverso, que são conceitos, práticas e maneiras do fazer pedagógico que começam a contemplar essa visão.

Segundo a diretora, durante muito tempo, a educação especial foi um lugar de exclusão, ao retirar os estudantes com dificuldade de aprendizagem ou que estavam passando por uma questão de saúde mental, ou por uma situação de negligência, do contexto dos demais estudantes da mesma faixa etária, para fazer uma programação específica. “Já a educação inclusiva considera que a variabilidade no desenvolvimento humano é a norma e não a exceção e, a partir disso, é possível construir modelos de currículo, de instrução e de avaliação que permitam que todos sejam incluídos.”

Adaptações para uma educação inclusiva

Como esses modelos devem prever adaptações, as propostas de aprendizagem ativa costumam responder bem a essas situações, ao considerarem que as crianças demonstram a aprendizagem de maneiras diversas e que podem trazer resultados diferentes.

“Quando a gente coloca o estudante no centro do processo de aprendizagem, ele sabe aquilo que é capaz, quais são os seus desafios e o quanto ainda tem que caminhar. E ao contextualizarmos e mostrarmos o que é relevante para a vida dele, a chance desse estudante ver que aquilo faz sentido é muito maior. Isso muda o sentimento de pertencimento do estudante”, afirma a diretora. Como exemplo, ela cita os projetos da Cloe, a plataforma digital de aprendizagem ativa da Camino Education. “A ideia é permitir que todos os estudantes possam se engajar na situação de aprendizagem a partir de suas potências.”

Leticia destaca que a boa educação é inclusiva por natureza, permite o pertencimento e a representatividade e promove um ambiente seguro, porque ninguém está sendo excluído ou está à margem. “Ela também possibilita que os estudantes se lancem a fazer novas perguntas e a buscar aqueles ideais da aprendizagem ao longo da vida, de ver sempre o mundo com senso de curiosidade e admiração. Mas o estudante precisa ter um lugar onde tenha escuta para poder fazer isso.”

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