Brincadeiras também são formas de aprendizagem ativa

Ao brincar, a criança se coloca como sujeito das suas ações e elabora internamente suas vivências e experiências; o processo é fundamental para o desenvolvimento infantil

Nas férias, na quarentena e em diferentes momentos, em casa e na escola, as crianças continuam desenvolvendo a imaginação e a criatividade por meio das brincadeiras. Todas elas geram aprendizado, entendido como algo mais amplo, relacionado a vivências e experiências.

Diana Tatit, coordenadora pedagógica da Cloe, a plataforma digital de aprendizagem ativa da Camino Education, diz que as brincadeiras estão relacionadas à aprendizagem ativa ao possibilitarem que a criança se coloque como sujeito das suas ações e ponha em movimento o que ela está vivendo e sentindo. “As brincadeiras trazem aprendizados de diferentes formas – quando são estratégias lúdicas para ensinar algo; quando estão ligadas ao conhecimento do universo da cultura infantil, como o pega-pega, o esconde-esconde e a amarelinha, entre outros; e, principalmente, quando ocorrem livremente, na forma do faz de conta, que é o principal espaço de desenvolvimento da imaginação da criança.”

Ela explica que o aprendizado que acontece ao brincar está associado ao jogo simbólico e que o brincar é uma linguagem em si, aprendida socialmente. “A brincadeira é organizadora da experiência da criança no mundo. Assim como os adultos, muitas vezes, precisam parar e refletir sobre alguma experiência significativa, as crianças vão brincar daquilo que têm necessidade de refletir e aprender”, observa Diana, que também é autora de educação infantil e integrante do grupo Tiquequê.

“Todas as crianças brincam de casinha e comidinha porque é uma das primeiras vivências que elas têm. Depois, ao ir para a escola, brincam de escolinha. Do mesmo modo, as crianças que moram na cidade brincam com carrinho, mas no Pantanal, por exemplo, entram em cena os barquinhos”, completa.

As brincadeiras promovem uma reflexão para as crianças

De acordo com ela, um aspecto importante é que a forma como a criança se apropria do mundo ao brincar não é imediata, ou seja, ela não absorve tudo como uma “esponja”, mas sim constrói sua visão própria de mundo de forma reflexiva, questionadora e inserindo novos elementos, também por meio das brincadeiras. “Ao brincar de mãe das bonecas, por exemplo, é como se ela estivesse refletindo como seria se ela fosse uma mãe de fato. Essa dimensão imaginativa faz com que ela esteja sempre pensando sobre a realidade e não apenas a absorvendo de forma passiva”.

Sobre o papel dos pais nas brincadeiras, a coordenadora afirma que as crianças aprendem a brincar umas com as outras. Mas, se elas não estão na escola, como nesse momento de quarentena, e são muito pequenas, os pais têm função importante ao interagir com elas, proporcionar um ambiente favorável e disponibilizar brinquedos ou objetos diversos.

“Os adultos podem criar espaços que convidam a criança para esse lugar da imaginação. Uma dica é começar a brincar e depois, na medida do possível, sair de cena. Pois quando a criança fica mais sozinha é que ela mergulha mais profundamente no universo do faz de conta. O enredo da brincadeira passa a acontecer na imaginação dela, o que é fundamental para o seu desenvolvimento”.

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