Reconhecer gostos e interesses ajuda a criança a construir sua identidade
Experimentar e explorar suas potencialidades é importante para o desenvolvimento da autoconfiança e da noção de si mesmo, além de auxiliar, no futuro, a decisão profissional
A escolha profissional acontece principalmente no Ensino Médio, mas os estudantes mais novos, muitas vezes, já conseguem identificar algumas atividades de que gostam ou preferências em relação a áreas de estudo.
De acordo com Natália Harger, professora especialista de inglês da Camino School, isso deve ser estimulado, não pensando exatamente na questão profissional, mas no autoconhecimento. “É importante os estudantes saberem no que eles são bons, no sentido de desenvolver a sua autoconfiança e construir a sua identidade e a noção de si mesmo”.
Segundo ela, até pouco tempo atrás, e ainda hoje de alguma forma, quando o estudante já começa a se destacar em algo, por exemplo, brincar de lego e montar e desmontar coisas, ou se gosta de dançar, logo as pessoas já falam “vai ser engenheiro ou vai ser bailarina”. “Mas o mais benéfico para esses estudantes quando crianças é não fazermos essa associação a princípio. A ideia é que elas possam explorar tudo o que quiserem, pois são múltiplas nos seus gostos e interesses”.
O que educadores, pais e adultos próximos podem fazer é reconhecer essas características e nomeá-las — dizendo, por exemplo, “olha, parece que você gosta bastante de dançar” ou “nossa, como você é rápido para montar quebra-cabeça”. “Até os 7 anos, mais ou menos, o que elas precisam é que a gente reconheça a maior gama possível de coisas em que elas são boas, as suas forças. E essas coisas não precisam, necessariamente, estar relacionadas”, afirma a professora.
Já na fase seguinte, entre 8 e 12 anos, as crianças devem ter a chance de experimentar, explorar e aprofundar todos esses gostos ao ter aulas de esportes ou artes, por exemplo, ler livros, assistir filmes etc. Assim, ao chegarem ao final do Ensino Fundamental II e início do Ensino Médio e começarem a fazer suas próprias escolhas, os adolescentes já acumularam uma boa bagagem do que gostam de fazer e de explorar e desenvolveram algumas habilidades.
Construção da identidade para a vida profissional
“Se estão começando a pensar na vida profissional, aí a tarefa é tentar entender no que são bons, o que gostam de fazer e como isso se aplica na busca de uma profissão e de uma carreira”, aponta Natália. “A oportunidade que tiveram de experimentar coisas diferentes e desenvolver habilidades vai ajudar, lá na frente, a fazer essa conexão.”
Nesse contexto, é muito importante que a pergunta a ser respondida seja qual é o grande assunto que você gostaria de explorar mais e não, necessariamente, o que você vai ser, o que é muito complexo e maior que uma profissão, ainda mais hoje em dia, em que as carreiras são mais flexíveis. Segundo Natália, a decisão não pode ser na base de vida ou morte ou algo que tem que ser para sempre.
“Enxergar a escolha da carreira como uma continuidade da exploração daquilo que eu gosto de fazer, do que eu gosto de estudar e do que eu sou bom deixa muito mais simples e tranquilo tomar essa decisão”, finaliza a professora.