Ensino remoto: como medir a aprendizagem das crianças?
Ao se informarem sobre os objetivos e as habilidades esperadas para a turma naquele ano, os pais podem se engajar no processo, perguntando sobre conteúdos e relacionando-os a fatos do cotidiano
Em tempos de pandemia, com o ensino remoto acontecendo no ambiente doméstico, as famílias têm participado mais ativamente da vida escolar dos estudantes. Se, por um lado, esse envolvimento maior permite que os pais acompanhem mais de perto as aulas do dia a dia, por outro, também traz uma certa ansiedade em relação à aprendizagem dos filhos — se eles estão tendo o aproveitamento adequado, se correm o risco de perder o ano e se a escola está dando conta do processo.
“O primeiro passo para os pais avaliarem essa questão no ensino remoto é estabelecer uma relação de parceria com a escola e conversar com o professor ou professora periodicamente para entender como o estudante está se comportando no ambiente virtual”, diz Natália dos Santos, especialista em habilidades socioemocionais na educação e UX research da Camino Education.
Ela explica que, no ensino remoto, pode acontecer dos alunos terem um comportamento diferente daquele que apresentam normalmente no modelo presencial. “Muitos ficam mais tímidos, mas o oposto também acontece – a estudante que era mais quieta se torna mais expressiva, por se sentir mais segura e sem a pressão dos colegas e até do professor. Os pais também estão vendo outras facetas das crianças que eles não conheciam.”
Um ponto que ela considera importante é os pais perguntarem e entenderem que cada turma ou ano tem os seus objetivos de aprendizagem, que permeiam a construção do currículo. “Esse objetivo não é definido por uma nota, uma prova ou um grande projeto, mas como o aluno vai se comportando e desenvolvendo seu processo cognitivo e socioemocional, tanto internamente, em relação ao autoconhecimento, quanto externamente.”
Aprendizagem com a plataforma Cloe
Na Cloe, a plataforma de aprendizagem ativa da Camino Education, por exemplo, os objetivos de aprendizagem são sempre antecedidos por uma ação — interagir, fazer, estabelecer, identificar, reconhecer, desenvolver — e têm um caráter mais amplo, uma vez que o estudante os desenvolve em vários aspectos. Entre eles estão “compreender as linguagens como construção humana, histórica e social” e “identificar os conhecimentos matemáticos como meios para compreender e atuar no mundo.”
Segundo Natália, quando os pais começam a compreender esses objetivos, eles conseguem ajudar a estudante, criando um ambiente favorável em casa para que ela possa atingi-los. Uma das formas de fazer isso é formulando perguntas para os filhos sobre determinado tema e relacionando-a a fatos do cotidiano. “Mas essas conversas têm que ser naturais, sem que a aluna se sinta pressionada em saber a resposta. As perguntas podem surgir num passeio de carro ou quando se está vendo um filme, por exemplo. Também é interessante dar autonomia para o estudante buscar as respostas — ele pode fazer uma pesquisa na internet ou perguntar para a professora.”
Além de ajudar as famílias a ter uma visão mais clara do aprendizado dos alunos, a parceria com a escola e o entendimento dos objetivos também são importantes para os professores. Isso porque eles podem dar um feedback mais objetivo para a família, como indicar um livro para auxiliar em determinado conteúdo ou questão.
Para Natália, é crucial a família e os professores construírem esses objetivos juntos nesse momento, e os pais compreenderem que o alcance desses resultados também depende deles mesmos. “É essa construção conjunta que vai garantir que os alunos sejam apoiados e desafiados no seu processo de aprendizagem.”